Atire a primeira pedra aquee que gosta de cinema, principalmente cinema documental, e nunca ouviu falar em Dziga Vertov. Vertov foi um cineasta, documentarista, experimental e jornalista soviético, o grande precursor do cinema direto. É ainda adolescente que Vertov começa a escrever poemas e a estudar música. Com 19 anos começou a estudar medicina e na mesma época cria o “laboratório do ouvido” onde registra e monta ruídos de todo o tipo com um velho fonógrafo.

Em 1922 cria, com sua mulher Svilova e seu irmão Mijail, o “Conselho dos Três” denominando-se kinoks – um composto das palavras russas kino (cine) e oko (olho). Começam a trabalhar no Kinopravda (Cinema verdade) e produzem 23 números dessas atualidades cinematográficas. No ano seguinte eles publicam o primeiro manifesto chamado “A Revolução Kinoks”.
Para conhecer um pouco mais desse posicionamento de Vertov sobre sua visão do mundo e da arte há um trecho muito famoso escrito pelo próprio:
Eu sou um cine-olho. Eu sou um construtor. Eu te coloquei num espaço extraordinário que não existia até este momento. […] Eu, cine-olho, crio um homem muito mais perfeito que aquele que criou Adão, crio milhares de homens diferentes segundo desenhos distintos e esquemas pré-estabelecidos. Eu sou o cine-olho. Tomo os braços de um, mais fortes e hábeis, tomo as pernas de outro, melhor construídas e mais velozes, a cabeça de um terceiro, mais bonita e expressiva e, pela montagem, crio um homem novo, um homem perfeito.

Em um dos seus trabalhos mais famosos, o filme-documentário Um homem com uma câmera , o cineasta traz uma obra silenciosa, mas musical. Um filme rico em imagens da União Soviética sob os mais diversos ângulos, a obra de Vertov pretendia desvelar os segredos do cinema, da técnica e da linguagem cinematográfica. Filmado em 1929 nas cidades de Moscou, Vertov revolucionou a história do cinema documental. No filme “Um Homem com uma Câmera”, ele optou por usar uma linguagem cinematográfica livre. Longe dos aspectos cinematográficos da época: como o cinema ficcional, por exemplo. Um registro documental, com cortes abruptos e efeitos que reconstroem a realidade a partir da visão do cineasta. Entre as cenas cotidianas registradas, surgem cenas do processo de gravação. A câmera como personagem é tão presente que se revela na metáfora final do filme, em que o homem não está mais presente, mas a câmera atua como de uma forma completamente independente.

Realizado sem roteiro e legendas, Vertov se dedicou à busca da possibilidade de transmitir ao espectador a variedade dos aspectos da vida. Dele podemos resumir suas principais construções teóricas em três noções diferentes e complementares:
1. A montagem de registros
2. O cine-olho (kino-glaz): um meio de registrar a vida, o movimento, os sons e organizá-los através da montagem.
3. A vida de improviso: sem nenhum tipo de direção documental.
Um olhar admirado de um homem sobre a máquina que reflete a consciência das pessoas na época de industrialização. Revelando vários outros sinais do período: atletas de sapatos elegantes pedalando bicicletas ergométricas, telefonistas de uma central telefônica, bebês na maternidade. A atenção de Vertov para os detalhes e enquadramento, na busca perfeita pelo retrato do olho humano é tão interessante quanto suas experiências com a linguagem cinematográfica. E, no fim das contas, ele cria um homem novo, um homem perfeito.
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