Dois irmãos: quando um desenho flerta com a epidemia do abandono paterno

Dois Irmãos – Uma Aventura Fantástica” estreia hoje nos cinemas ...
Foto: Divulgação

Há alguns anos, em algum lugar do tempo e do espaço alguém determinou que o gênero de animação era feito prioritariamente para crianças. No entanto, não é de hoje que a Pixar deixa nas entrelinhas diversas mensagens para o público adulto (vide Divertida mente) e teima em nos emocionar a cada trabalho. Em Dois Irmão – Uma jornada fantástica (2020), dirigido por Dan Scanlon, não é diferente. O roteiro simples, mas não simplório, convida o espectador para acompanhar os irmãos, Ian e Barley, em uma busca divertida e cheia de reflexões, por um artefato que possibilitará trazer o pais deles de volta à vida por 24h. É a oportunidade perfeita para Ian finalmente conhecê-lo, já que ele cresceu ouvindo seu irmão contar suas lembranças com ele.

Dois irmãos é uma animação cheia de fraternidade e mensagens de autoconfiança, como uma alavanca que te diz, “tudo bem, não tem problema com o erro, mas você precisa pelo menos tentar. Vai lá, você consegue!”. Porém, engana-se quem acha que o ‘lero-lero’ motivacional é o principal ponto do filme, na verdade, sequer é um ponto. A motivação que o filme aborda é muito mais uma confiança e fonte de apoio entre os irmãos do que uma dose de autoajuda. O filme lida com questões pesadas, de amadurecimento: luto, recomeço, despedidas e valorização do que se tem. Afinal, quem nunca desejou tanto algo que esqueceu um pouco aquilo que se tem?? Além do flerte com o abandono paterno.

Crítica: Dois Irmãos - Uma Jornada Fantástica
Foto: Divulgação

Leia também

Calma. Vou explicar. Na animação, os irmãos não são abandonados pelo pai. O pai é falecido. Mas, claramente há uma abordagem relacionada às consequências da ausência de uma figura paterna. Ian, que não teve oportunidade de conviver com seu pai, é um menino inseguro e vê na possibilidade de passar algumas horas com ele a chance de aprender diversas lições, das mais práticas às mais subjetivas. Uma doce ilusão nutrida apenas pelos que costumam conviver com uma idealização. Sabemos que no dia a dia a história é outra, e a realidade nos mostra o paradoxo da convivência: não existe alguém perfeito, mas pessoas cheias de defeitos que se esforçam. Pessoas que acreditam na gente mesmo que elas não peguem uma faixa amarela e divulgue isso pra todos. O amor está nos detalhes, na rotina. E isso é lindo! A idealização existe apenas no campo do ideal, obviamente.

Ou seja, a verdade é que Dois Irmãos: uma Jornada fantástica escolhe abordar temas bem relevantes de forma leve. A gente é convidado muito mais vezes a rir e a repensar o espaço lógico das coisas que conhecemos, tipo fadas e unicórnios, do que se emocionar diversas vezes. Ou seja, não espere a profundidade e a magia do Studio Ghibli, mas vá ciente de que no final você se sentirá abraçado. E um abraço bom. Bom, quentinho e sincero. Quase um colo. 🙂

Gostaria de estudar cinema???

Curso de Roteiro para o Cinema

Saiba mais! Clique aqui

Preparação do Ator com André Di Mauro

Saiba mais! Clique aqui

Curso de Edição

https://youtu.be/ibbSrAwG-Rg

Saiba mais! Clique aqui

cacau

Ariana, formada em marketing e em cinema, é dona de vários apelidos, acredita que foi abençoada com um grande coração e em contrapartida um pavio bem curto. Sua melhor definição são os excessos.

Deixe um comentário

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

Next Post

10 Filmes imperdíveis para quem ama Rock ‘N’ Roll

Seg Jul 13 , 2020
Listar apenas 10 (dez) filmes para quem ama Rock and Roll é uma árdua tarefa. Afinal, são muitos os filmes incríveis que abordam o tema, de ficção à biografia e documentários. Ainda assim, nos arriscamos e fizemos uma modesta curadoria dos 10 melhores (pra mim) filmes dessa temática. Aproveitem! Easy […]

Você pode gostar